Tentei ajudá-lo com uma
experiência já velha. Disse-lhe que sim, que continuasse a inventariar
exaustivamente, como eu próprio fazia, a realidade geográfica, humana, cultural
e social a que tivesse acesso no mundo, mesmo a saber que nunca chegaria ao
fim. Mas que, entretanto, procurasse conhecer o mais paradigmático, e tirasse
desse conhecimento as ilações devidas. Quem vê Versailles, vê a França. Quem vê o Escurial, vê a Espanha. Quem vê os Jerónimos, vê Portugal. Num pórtico,
num quadro, num poema, espelha-se sempre um país inteiro. Depois, são mais
pórticos, mais quadros, mais poemas. O génio de um povo está patente na
primeira aldeia fronteiriça.
Miguel Torga
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