terça-feira, 14 de agosto de 2012

Coimbra, 14 de Agosto de 1980

Tentei ajudá-lo com uma experiência já velha. Disse-lhe que sim, que continuasse a inventariar exaustivamente, como eu próprio fazia, a realidade geográfica, humana, cultural e social a que tivesse acesso no mundo, mesmo a saber que nunca chegaria ao fim. Mas que, entretanto, procurasse conhecer o mais paradigmático, e tirasse desse conhecimento as ilações devidas. Quem vê Versailles, vê a França. Quem vê o Escurial, vê a Espanha. Quem vê os Jerónimos, vê Portugal. Num pórtico, num quadro, num poema, espelha-se sempre um país inteiro. Depois, são mais pórticos, mais quadros, mais poemas. O génio de um povo está patente na primeira aldeia fronteiriça.
Miguel Torga

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