terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

26 de Fevereiro de 1978

• Do que eu ainda não consegui convencer este idealista que comigo insiste em conviver, é que, seja qual for o regime que nos governe, enquanto as máquinas (autómatos, robôs, ou como queiram chamar-lhes) não tiverem totalmente substituído o trabalho manual dos homens, haverá sempre exploradores e explorados. Quer dizer: de um lado, operários, camponeses, proletários, classes trabalhadoras ou produtoras, ou «estratos inferiores» da sociedade, e do outro, patrões, mandões, burocratas, capitalistas, ditadores, etc. (Ainda que os primeiros sejam mais bem pagos do que os outros.) Porque o facto básico da vida social parece ser que, por muito que lhes façam, as sociedades (humanas e animais) se repartem sempre em duas categorias: a dos que mandam e a dos que são mandados, ou a dos explorados e a dos exploradores. A exploração, enfim, do homem pelo homem! E quem sabe?, talvez mesmo ainda depois do triunfo total da máquina!
«Mas», diz-me ele, «e os intelectuais? Os cerebrais? Onde ficam eles?»
A minha resposta é invariavelmente: «Visto que o seu papel é criar (quando criam!) para o bem geral, os cerebrais serão sempre explorados, quer tomem o partido dos exploradores (o que é sempre o mais provável, dada a sua submissão ou passividade!), quer o dos explorados, com quem eles, aliás, não gostam de ser confundidos!»
JRM 

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