sexta-feira, 15 de julho de 2011

“Tablóides” – 14-15 de Junho de 1976

• O Poeta regressou, alta noite, a sua casa com dois copos a mais, meteu-se na cama nu e, às escuras, acendeu o cigarro e pôs-se a divagar, como era seu hábito. Teria adormecido? Viu-se de repente envolto em chamas. A cama ardia! Pulou ao chão e correu para a rua, alucinado, fumegante de atrozes queimaduras, a gritar: «Eu sou Prometeu! Roubei o fogo sagrado dos deuses! Sou a Fénix imortal das próprias cinzas renascida!» Levado com mil cautelas ao hospital, faleceu pouco depois, famoso, mas inédito. Ao invés de Camões, que, segundo a lenda, salvou do naufrágio, a nado, o seu Poema imortal, ele não pôde salvar do fogo a sua obra, que estava metida no colchão e ardeu com este.

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