quarta-feira, 20 de julho de 2011

BALADA DO OUTONO



Águas / E pedras do rio / Meu sono vazio / Não vão / Acordar / Águas / Das fontes / calai / Ó ribeiras chorai / Que eu não volto / A cantar
    Rios que vão dar ao mar / Deixem meus olhos secar / Águas / Das fontes calai / Ó ribeiras chorai / Que eu não volto / A cantar
Águas / Do rio correndo / Poentes morrendo / P'ras bandas do mar / Águas / Das fontes calai / Ó ribeiras chorai / Que eu não volto / A cantar
    Rios que vão dar ao mar / Deixem meus olhos secar / Águas / Das fontes calai / Ó ribeiras chorai / Que eu não volto / A cantar


BALADA DO OUTONO 

         
      Mais propriamente Balada do rio. Dominada ainda pelo velho espírito coimbrão, é o produto de um estado perpétuo de enamoramento ou como tal vivido, uma espécie de revivescência tardia da juventude. O travador julga-se imprescindível, como um protagonista que a si próprio se interpela para convocar a presença das águas dos ribeiros e dos rios, testemunhas vivas do seu solitário cantar. A imagem do "Basófias" (1), que incha e desincha quando lhe apetece, deve ter influído na gestação da "partitura". Uma certa disposição fisiológica propensa à melancolia explica o começo das dores sem falar na albumina anunciadora de futuras e promissoras "partenogéneses". 
(1) Nome por que é conhecido o Rio Mondego, na gíria coimbrã. 

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