Às
vezes fico-me a pensar se não irei por um caminho errado. Se, herdeiro da minha
própria contestação, me não terei transformado num polícia de mim mesmo. Se não
vivo a acautelar o verbo para me não desmentir.
Ainda a propósito da nota de ontem. No fundo, a sociedade e os respeitos
humanos acabam por perder o artista, exigindo-lhe a coerência dos que vivem a
rotina dos dias. Dos que dão hoje os mesmos passos de ontem, e que darão amanhã
os mesmos passos de hoje. Se as vozes do mundo o deixassem ser só quem é, ele
até podia ser um poço de contradições. Natureza imprevisível, o pior que se
pode pedir a um poeta é que seja fiel às suas palavras.
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