quinta-feira, 4 de julho de 2013

4 de Julho de 1978

Reclamo gratuito: Ó Zeca, não te empanzines, não te empanzines, senão, só poderás digerir co’a ajuda do Enzipão! [1]
Tu criaste a tua liberdade à base de talento; eu fiz a minha à custa do sofrimento. E que importa? As rosas florescem sem saber de que seiva se nutre sua cor e o seu aroma?
A fragilidade da expressão verbal, a impotência ou «impossibilidade da linguagem» (Flaubert), o «terror do acto de escrever» (idem), impeliam-no a fugir, a refugiar-se no risco, na acção, no amor (em geral difícil), na política, nas aventuras, na alegria de viver, na boémia, no clownismo… Tudo isso, nele, redundou em fracasso, em esterilidade, e por fim no suicídio.


[1] Enzipan: Auxiliar digestivo, inglês, composto de enzimas, bile, etc.

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