Carvoeiro, 7 de Julho de 1973 –
Rondo por estas aldeias turísticas, invejo piscinas privadas, espreito jardins
vedados, leio nomes estrangeiros à entrada das vivendas mais apetecidas, mas
concluo com alívio que, afinal, os invasores não tomaram conta desta parcela da
pátria, como certamente muitos julgam e eu temia. É em comunhão com os seus
mortos, cercados pela mesma fronteira, que a comunidade dos vivos legitima a
posse do território que povoa. E quantos dos que vieram expandir a mocidade ou
aquecer a velhice ao nosso sol vão celebrar a um cemitério local o dia de
finados?
Miguel Torga
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