Velho Menino-Deus
que me vens ver
Quando o ano passou
e as dores passaram:
Sim, pedi-te o
brinquedo e queria-o ter,
Mas quando as minhas
dores o desejaram…
Agora, outras
quimeras me tentaram
Em reinos onde tu
não tens poder…
Outras mãos
mentirosas me acenaram
A chamar, a mostrar
e a prometer…
Vem, apesar de tudo,
se queres vir.
Vem com neve nos
ombros, a sorrir
A quem nunca
doiraste a solidão…
Mas o brinquedo…
quebra-o no caminho. ‘
O que eu chorei por
ele! Era de arminho
E batia-lhe dentro
um coração …
MIGUEL TORGA
In Diário II, 4.ª
edição, 1977,
Edição do Autor, Coimbra
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