segunda-feira, 8 de outubro de 2012

S. Martinho de Anta, 8 de Outubro de 1980

S. Martinho de Anta, 8 de Outubro de 1980 Homem de muitas letras, não sei se suspeitoso de que a flagrância do natural fique sempre aquém da literatura que o reflecte, quis ver para crer. E veio de Paris passear a suspicácia cartesiana nesta realidade agreste que pintei nos livros e agora lhe escancarei sem a mediação das palavras. Creio que regressa rendido e que leva que contar. A serra, de tão celta, parecia enfeitiçada; o Doiro, pasmado aos pés de S. Leonardo, era um espelho de eternidade; e o roncão que bebeu nunca mais lhe vai sair do paladar. Nisso, ninguém me bate. Quando aqui recebo alguém, sou um anfitrião de êxito seguro. Graças aos recursos em que este chão é pródigo, os meus hóspedes partem duplamente obsequiados. Fascino-lhes os sentidos e embriago-lhes a memória.

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