S. Martinho de Anta, 8 de Outubro de 1980
– Homem de
muitas letras, não sei se suspeitoso de que a flagrância do natural fique
sempre aquém da literatura que o reflecte, quis ver para crer. E veio de Paris
passear a suspicácia cartesiana nesta realidade agreste que pintei nos livros e
agora lhe escancarei sem a mediação das palavras. Creio que regressa rendido e
que leva que contar. A serra, de tão celta, parecia enfeitiçada; o Doiro,
pasmado aos pés de S.
Leonardo, era um espelho de eternidade; e o roncão que bebeu nunca mais lhe
vai sair do paladar. Nisso, ninguém me bate. Quando aqui recebo alguém, sou um
anfitrião de êxito seguro. Graças aos recursos em que este chão é pródigo, os
meus hóspedes partem duplamente obsequiados. Fascino-lhes os sentidos e embriago-lhes
a memória.
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