• Como é criadora,
gloriosa e triunfal, ainda que por vezes cruel, implacável e até crapulosa, a
vida e carreira de homens como Eugene O’Neill ou Tennessee Williams,
para não mencionar, por exemplo, alguns russos! Quando as comparamos à de
certos «génios» familiares, escassamente experientes e pouco produtivos,
porque, não tendo vivido, pouco ou nada têm para contar e, no entanto, gozam da
fácil glória dos prémios e dos elogios, dos jantares de homenagem, dos títulos
honoríficos e até dos necrológios ultralaudatórios! Mesquinhos e
pequeno-burgueses na vida e… na morte como se o culto da pessoa pudesse
substituir o da Obra.
• O meu preclaro amigo A. Candeias
(Prof. Biol. Fac. Ci. Univ. Lx.ª), depois de ter lido o meu ensaio «Quem Paga É
o Bey de Tunis»[1] (in É Proibido
Apontar) sobre o tratamento dado ao Português no mundo exterior (ele
próprio já o expusera e com brilho) e em relação à literatura inglesa teve este
comentário: «Mas você é patriota!» Ao que eu respondi logo: «Pois claro que
sou!» Foi isto em 1946 ou 47.
Pois bem,
trinta anos corridos, e por motivos idênticos (aqui o corpo de delito é As Harmonias
do «Canelão»), já houve quem dissesse com ameaçadora gravidade: «Mas
você NÃO é patriota!»
Por aqui se vê que não somos nós que mudamos: mas antes os conceitos e
as conotações que mudam – não só com os tempos, mas com os ventos!
• Não sei se já notaram
que a palavra «pacato» é o exacto anagrama de Pataco? Talvez isso ajude a
explicar muita coisa…
[1] «Quem
Paga É o Bey de Tunis» é o título da crónica publicada na Seara Nova de 26 de Outubro de 1946 (pp. 188-191). A crónica seria
inserta pelo autor em É Proibido Apontar
(1964) com o título «Há sempre Um Bey em Tunes». (N. do E.)
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