Diz-se que a política é a arte
de fazer escolhas. Passos Coelho fez as suas: o assalto fiscal à classe média e
aos mais vulneráveis da sociedade. E em breve o veremos a anunciar a
capitalização da banca com os recursos espoliados a pensionistas e
trabalhadores. Tem toda a legitimidade para impor as suas escolhas aos
portugueses porque os portugueses o elegeram. Só que os portugueses elegeram-no
com base em pressupostos e garantias falsos, que ele repetiu à exaustão antes e
durante a campanha eleitoral.
Agradecendo a Ricardo
Santos Pinto (http://aventar.eu/2011/10/13/pedro-passos-coelho-best-of-2010-2011),
recordem-se algumas das garantias com que Passos Coelho foi eleito: «Se vier a
ser primeiro-ministro, a minha garantia é que a [carga fiscal] será canalizada
para os impostos sobre o consumo e não sobre o rendimento das pessoas»; «Dizer
que o PSD quer acabar com o 13.º mês é um disparate»; «O PSD acha que não é
preciso fazer mais aumentos de impostos, do nosso lado não contem com mais impostos»;
«O IVA, já o referi, não é para subir»; «Eu não quero ser primeiro-ministro
para proteger os mais ricos»; «Que quando for preciso apertar o cinto, não
fiquem aqueles que têm a barriga maior a desapertá-lo e a folgá-lo»; «Tributaremos
mais o capital financeiro, com certeza que sim»; «Não podem ser os mais
modestos a pagar pelos que precisam menos»...
E ainda: «Nós não dizemos hoje
uma coisa e amanhã outra».
Manuel
António Pina: JN,17/10/2011
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