sábado, 8 de setembro de 2012

Viareggio, 18 de maio de 2012

O mar bate devagar na praia de Viareggio. À beira da água, um amontoado de canas, conchas e cortiças estende-se pela costa. Naquele lugar, em 18 de Julho de 1822, há precisamente 190 anos, onde agora os banheiros montam os estrados e os toldos para o Verão, apareceu o corpo naufragado de Shelley. O naufrágio do “Don Juan” dera-se no percurso entre os portos de Lerici e Livorno.
Algum tempo depois, na presença de Byron, o seu corpo foi cremado numa fogueira na praia. Era o que se fazia aos náufragos na altura. Byron, não suportando o desgosto, lançou-se ao mar e nadou até ao seu próprio barco. Agora, neste 18 de Maio de 2012, no silêncio da praia, reparo nas gaivotas e nos corvachos que devoram os restos de comida como se devorassem as vísceras de Shelley. A sua alma e os seus poemas estão ali, misturados com as canas molhadas.
Estamos no Golfo dos Poetas, entre Livorno e Génova ou seja, na costa banhada pelo grande Golfo de Génova e pelo Mar Ligúrio. Ainda em Viareggio, no antigo II Gran Caffe Margherita, na marginal, no enfiamento da Praça Shelley, pode beber-se um óptimo cappuccino imaginando as tertúlias do primeiro quartel do séc. XX, frequentadas por Ungaretti, Puccini, D’Annunzio, Toscanini, entre outros, tertúlias que se transferiam depois do Verão para o famoso Caffè Caselli, em Lucca

Sem comentários:

Enviar um comentário