O mar bate
devagar na praia de Viareggio.
À beira da água, um amontoado de canas, conchas e cortiças estende-se pela
costa. Naquele lugar, em 18 de Julho de 1822, há precisamente 190 anos, onde
agora os banheiros montam os estrados e os toldos para o Verão, apareceu o
corpo naufragado de Shelley.
O naufrágio do “Don Juan” dera-se no percurso entre os portos de Lerici e Livorno.
Algum tempo
depois, na presença de Byron,
o seu corpo foi cremado numa fogueira na praia. Era o que se fazia aos
náufragos na altura. Byron, não suportando o desgosto, lançou-se ao mar e nadou
até ao seu próprio barco. Agora, neste 18 de Maio de 2012, no silêncio da praia,
reparo nas gaivotas e nos corvachos que devoram os restos de comida como se
devorassem as vísceras de Shelley. A sua alma e os seus poemas estão ali, misturados
com as canas molhadas.
Estamos no Golfo dos Poetas, entre
Livorno e Génova ou seja, na costa
banhada pelo grande Golfo
de Génova e pelo Mar
Ligúrio. Ainda em Viareggio, no antigo II Gran Caffe Margherita,
na marginal, no enfiamento da Praça Shelley, pode beber-se um óptimo cappuccino imaginando as
tertúlias do primeiro quartel do séc. XX, frequentadas por Ungaretti, Puccini, D’Annunzio, Toscanini, entre outros,
tertúlias que se transferiam depois do Verão para o famoso Caffè Caselli, em Lucca.
Sem comentários:
Enviar um comentário