quinta-feira, 27 de setembro de 2012
27 de Setembro de 1977
• Tu que dizes amar a solidão,
mas vives rodeada de gente que de algum modo te serve, compreenderás que eu não
sei passar sem a minha audiência (ou meu «público» na tua expressão) e, no
entanto, vegeto na mais espessa e irrespirável solidão? Essas raras «exibições»
em que me vês admirado, querido, aplaudido, e no fundo lisonjeado, deixam-me
num profundo desgosto de mim mesmo, do antieu, acabrunhado e dorido ao ponto de
não poder escrever – e por vezes, até, obcecado e apavorado pela ideia do suicídio
que já me perseguira depois das euforias dos quinze anos? Mas é bom ter consciência
disso: um preventivo da tentação.
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