Afinal a minha vocação era a de profeta.
Não é uma vocação em cheio nem sequer tenho barbas. Mas que tenho um jeito, é inegável.
Ainda agora eu dei no vinte quando detectei a estratégia do Gorbatchev. Disse eu
que a sua táctica era deitar fogo à comunada dos países da vanguarda enquanto
ele se mantinha no fortim lá detrás. E quando tudo estivesse a arder, rebentava
ele com a comunada do interior. Meu dito meu feito. Ontem na TV, velhos e novos
desataram a blasfemar contra o vigário que lhes tinham infligido e à pergunta
sobre se queriam mais comunismo, foi aos berros e em uníssono que eles
proclamaram niet, niet! O amigo Cunhal e os seus
gerontes, por espírito de coerência com o que sempre nos fulminaram, devia
agora dizer que se trata apenas de anticomunistas primários. Pobre velhada, já
tão córnea para germinarem em ideias novas.
De tudo isto, porém, o que mais me
surpreende é que o pagode em geral e a inteligência em especial, ainda não
deram indícios de terem percebido que um grande vazio se abriu na História.
Decerto ela não acabou, ao contrário do que alguns pensam. Mas fechou as contas
para um enorme balanço e abrir de seguida uma conta nova. E nessa conta toda a
malandragem e ingénua comunada entra no Deve e não no Haver. Porque é ela o
maior passivo de quantas contas novas a Humanidade já abriu.
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