E eis-me regressado aqui, ao meu
repouso, depois do imenso esforço na cópia e revisão do romance. Ficou
definitivamente Em Nome da Terra (que
em francês é mais amável Au nom de la
Terre). E quanto a romance, acabou. Foi o meu adeus às armas. E que bom
regressar à minha paz interior. Decerto não mais sairei daqui, deste estar
comigo, esta beatitude que esqueci. Escrever romance é estar na rua, por mais
que se esteja em casa. Há o público que não nos larga e a infindável cadeia dos
que aplaudem ou pateiam ou rosnam injúrias menos publicáveis. Estou
infinitamente cansado. Mas há que expulsar ainda o público à espreita destes
mesmos escritos de «confidência». Porque desde que pensei na publicação do
diário, pensei logo no público implícito a essa publicação. Queria
verdadeiramente estar só. Pensar comigo. Escrever no interior de mim. Precisava
tanto que a saúde dissesse que sim. Mas tem sido um estupor. Desorganizou-me os
nervos até ao desespero e ao transtorno mental. E estou tão cansado. Pensar a
vida no seu verdadeiro limite é difícil. Saber que a morte está à espreita,
cheia de pressa para avançar, é dificílimo. Hã sempre a ilusão de mais um ano,
um mês, um dia. E um intervalo de uma hora sequer, é dentro dela de um tamanho
igual ao de um ano ou mais. Nós somos o absoluto do instante em que vivemos. E
assim ele não tem dimensões. De todo o modo acabei o romance. E isso é agora a
ameaça da sua publicação e da selva espinhosa a atravessar aí. A paz, a paz.
Que ela venha, enfim. E com ela ou para ela o equilíbrio de mim, da minha
cabeça, dos meus nervos, de toda a minha convulsão interior. Neste mesmo instante
– a ameaça de entrar em perda de consciência. Paremos.
Sem comentários:
Enviar um comentário