Cinco filmes
Cinco filmes
me foi pedido que recordasse. Não teria de preocupar-me se seriam ou não os
melhores, os mais famosos, os mais citados. Bastaria que me tivessem impressionado
de maneira particular, como nos impressiona um olhar, um gesto, uma intonação
de voz. Escolhê-los não foi difícil, pelo contrário, apresentaram-se-me com
toda a naturalidade, como se não tivesse andado a pensar noutra coisa. Ei-los,
então, mas a ordem por que os menciono não é nem deve ser tomada como uma
classificação por mérito. Em primeiro lugar (algum teria de abrir a lista), O sal da terra
de Herbert Biberman,
que vi em Paris no final dos anos 70 e que me comoveu até às lágrimas: a
história da greve dos mineiros chicanos e das suas corajosas mulheres abalou-me
até ao mais profundo do espírito. Cito a seguir Blade runner
de Ridley Scott, visto
também em Paris num pequeno cinema do Quartier Latin pouco
tempo depois da sua estreia mundial e que, nessa altura, não parecia prometer
um grande futuro. Sobre Amarcord de Fellini, desse,
ninguém teve nunca dúvidas, estava ali uma obra-prima absoluta, para mim talvez
o melhor dos filmes do mestre italiano. E agora vem A regra do jogo
de Jean Renoir, que me
deslumbrou pela montagem impecável, pela direcção de actores, pelo ritmo, pela
finura, pelo «tempo», enfim. E, para terminar, um filme que me acode à memória
como se viesse da primeira noite da história dos contos à lareira, Pat & Patachon Moleiros,
aqueles sublimes (não exagero) actores dinamarqueses que me fizeram rir (tinha
então seis ou sete anos) como nenhum outro. Nem Chaplin, nem Buster Keaton, nem Harold Lloyd, nem Laurel e Hardy. Quem
não viu Pat & Patachon
não pode saber o que perdeu…
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