sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

“Tablóides” - 7 de Maio de 1965

• Raul Proença gastou energias e tempo a criticar o abstencionismo político e social dos intelectuais, recomendado por Julien Benda em La Trahison des Clercs. (Este filósofo, muito estimado de António Sérgio, tinha combatido como reaccionárias as ideias de Bergson e do Abade Bremond.) Esforço baldado, o de Proença. Porque o próprio Benda, em presença da ameaça nazista, executou uma viragem total, tendo chegado a dizer-se, segundo um amigo, «capaz de assassinar o adversário». Quando as circunstâncias nos tocam pela porta, ou vemos arder as barbas do vizinho, as ideias e os conceitos «puros» são como folhas mortas no vento. Os piores inimigos da luz são aqueles que parecem viver no pavor das sombras. 

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