31 de Janeiro de 1891
Sendo do Norte, os Cordoeiros não poderiam ficar indiferentes a esta data. Tentativa gorada da implatação da República no Porto, é justo deixar aqui os nomes dos que mais se evidenciaram.
Da janela da Câmara Municipal, na Praça de D. Pedro, Alves dos Reis anunciou aqueles que fariam parte do Governo Provisório:
Rodrigues de Freitas, professor;
Joaquim Bernardo Soares, desembargador;
José Maria Correia da Silva, general;
Joaquim de Azevedo Albuquerque, lente da Escola Politécnica;
José Ventura dos Santos Reis, médico;
Licínio Pinto Leite, banqueiro;
António Joaquim de Morais Caldas, professor;
Alves da Veiga, advogado.
# posto por til @ 31.1.04
Justiça e literatura
- Porque é que não me deixaste participar deles? irritou-se a Delegada a sepultar na carteira o lápis dos olhos e a agenda, tiveste pena dos malcriadões ou medo que a tua mulher soubesse disto? O que tu não queres é largar Miratejo, confessa, não tens nenhuns planos de viver comigo, sirvo-te para as terças-feiras à tarde e para te ajudar nos acórdãos, não mintas.
----------------------------------------
- Se estou contigo é porque gosto de ti, argumentou o Meritíssimo, vendido, a acelerar o automóvel e a pensar Perdi uma ocasião do camandro para acabar com ela, deixava que a discussão aumentasse, provocava-a um bocadinho, alimentava-lhe a fúria, fingia que me zangava e pronto, ponto final nas bichas a dez à hora para Mem Martins. Claro que quero sair de Miratejo, afirmou ele à Delegada, dá-me uns meses para resolver a situação com a Clotilde e vais ver.
António Lobo Antunes, Tratado das Paixões da Alma
# posto por til @ 31.1.04
Da janela da Câmara Municipal, na Praça de D. Pedro, Alves dos Reis anunciou aqueles que fariam parte do Governo Provisório:
Rodrigues de Freitas, professor;
Joaquim Bernardo Soares, desembargador;
José Maria Correia da Silva, general;
Joaquim de Azevedo Albuquerque, lente da Escola Politécnica;
José Ventura dos Santos Reis, médico;
Licínio Pinto Leite, banqueiro;
António Joaquim de Morais Caldas, professor;
Alves da Veiga, advogado.
# posto por til @ 31.1.04
Justiça e literatura
- Porque é que não me deixaste participar deles? irritou-se a Delegada a sepultar na carteira o lápis dos olhos e a agenda, tiveste pena dos malcriadões ou medo que a tua mulher soubesse disto? O que tu não queres é largar Miratejo, confessa, não tens nenhuns planos de viver comigo, sirvo-te para as terças-feiras à tarde e para te ajudar nos acórdãos, não mintas.
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- Se estou contigo é porque gosto de ti, argumentou o Meritíssimo, vendido, a acelerar o automóvel e a pensar Perdi uma ocasião do camandro para acabar com ela, deixava que a discussão aumentasse, provocava-a um bocadinho, alimentava-lhe a fúria, fingia que me zangava e pronto, ponto final nas bichas a dez à hora para Mem Martins. Claro que quero sair de Miratejo, afirmou ele à Delegada, dá-me uns meses para resolver a situação com a Clotilde e vais ver.
António Lobo Antunes, Tratado das Paixões da Alma
# posto por til @ 31.1.04
Direito de resposta
Sr. Cordoeiro-Mor, ou a quem até há pouco tempo se fazia passar por tal
Publicou, ontem, uma carta que presumo anónima, e a circunstância de terminar com uma pretensa identificação não lhe tira o anonimato, sem que tivesse a amabilidade de, previamente, a dar-me a conhecer. Violou, sem remédio, o princípio do contraditório, impossibiltando-me uma defesa em tempo útil. Sabe, ou deveria saber, que o tempo, em justiça, é factor primordial da mesma. Quem me quis atingir na integridade intelectual já o conseguiu com a sua aquiescência, ainda que involuntária.
Não conheço o autor da aludida missiva, ainda que possa futurar que seja alguém que me queira prejudicar. Eventualmente, um magistrado a quem, num dia de chuva, não teria, por distracção, cumprimentado. Ou, hipótese que também não ponho de parte, algum bloguista despeitado com o êxito que os Cordoeiros têm tido junto das elites judiciárias e não só. A inveja campeia em tempos de crise e ninguém se coíbe de a calar. Noutros tempos, iludia-se, fingindo, a inveja. Hoje, finge-se a inveja para que ela, junta à inveja verdadeira, possa ser ainda mais inveja. O que não espanta numa sociedade de excessos e de big mac`s.
Eu sou eu. Nunca me fiz, faço ou farei passar por outrem. Assino-me e responsabilizo-me naquilo que digo. Não minto, ainda que omita. Nunca me passou pela cabeça que alguém me viesse questionar o eu, criando desconfianças nos amigos e nos prováveis (e)leitores. Ele, o autor da missiva cobarde, sabe que ele não sou eu. Como sabe que eu também sei que eu não sou ele. Ou seja: nenhum é o outro.
É improvável que alguma vez se venha a saber quem foi o seu autor. Nestas coisas de segredos, a investigação é sempre difícil e, ainda mais, admitindo que o dito goze de um provável foro especial. Não sei, Sr. Cordoeiro-Mor, se está vinculado a algum sigilo profissional no âmbito do estatuto deontológico dos bloguistas. Mas mesmo que o tivesse, pode ter a certeza que nunca usaria os meios legais que estivessem ao meu dispor para que tal sigilo fosse quebrado. Antes a honra da amizade do que a justiça da Relação.
Perdoe-me o tempo que lhe tirei ao seu contínuo labor intelectual. Por mim, este incidente, ainda que desagradável, está encerrado. Resta-me apenas uma dúvida: ao ler a missiva fiquei com a sensação que fui eu que a tinha escrito. Talvez com o ímpeto da inveja, esse pretenso magistrado tivesse conseguido copiar-me o estilo. Espero que não venha a conseguir apanhar-me a alma.
Cord(i)almente
Alípio Ribeiro
NOTA DA APOSIÇÃO:
Os Cordoeiros, reunidos de emergência, deliberaram, por unanimidade, instaurar um inquérito destinado a averiguar quem é o autor da carta anónima (mais uma) ontem involuntariamente junta ao blog. Mais deliberaram apresentar (outras) imensas desculpas a AR por o tomarem pelo AR que não é. AR só há um e mais nenhum - o AR que é AR!
Pel' O Cordoeiro-Mor que não é.
ÚLTIMA HORA:
O presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, disse nesta madrugada que este episódio da carta anónima devia ser tratado "com um par de estalos" no autor da missiva.
Lusa | 31.01.04 - 1:22 am | #
# posto por Rato da Costa @ 31.1.04
Publicou, ontem, uma carta que presumo anónima, e a circunstância de terminar com uma pretensa identificação não lhe tira o anonimato, sem que tivesse a amabilidade de, previamente, a dar-me a conhecer. Violou, sem remédio, o princípio do contraditório, impossibiltando-me uma defesa em tempo útil. Sabe, ou deveria saber, que o tempo, em justiça, é factor primordial da mesma. Quem me quis atingir na integridade intelectual já o conseguiu com a sua aquiescência, ainda que involuntária.
Não conheço o autor da aludida missiva, ainda que possa futurar que seja alguém que me queira prejudicar. Eventualmente, um magistrado a quem, num dia de chuva, não teria, por distracção, cumprimentado. Ou, hipótese que também não ponho de parte, algum bloguista despeitado com o êxito que os Cordoeiros têm tido junto das elites judiciárias e não só. A inveja campeia em tempos de crise e ninguém se coíbe de a calar. Noutros tempos, iludia-se, fingindo, a inveja. Hoje, finge-se a inveja para que ela, junta à inveja verdadeira, possa ser ainda mais inveja. O que não espanta numa sociedade de excessos e de big mac`s.
Eu sou eu. Nunca me fiz, faço ou farei passar por outrem. Assino-me e responsabilizo-me naquilo que digo. Não minto, ainda que omita. Nunca me passou pela cabeça que alguém me viesse questionar o eu, criando desconfianças nos amigos e nos prováveis (e)leitores. Ele, o autor da missiva cobarde, sabe que ele não sou eu. Como sabe que eu também sei que eu não sou ele. Ou seja: nenhum é o outro.
É improvável que alguma vez se venha a saber quem foi o seu autor. Nestas coisas de segredos, a investigação é sempre difícil e, ainda mais, admitindo que o dito goze de um provável foro especial. Não sei, Sr. Cordoeiro-Mor, se está vinculado a algum sigilo profissional no âmbito do estatuto deontológico dos bloguistas. Mas mesmo que o tivesse, pode ter a certeza que nunca usaria os meios legais que estivessem ao meu dispor para que tal sigilo fosse quebrado. Antes a honra da amizade do que a justiça da Relação.
Perdoe-me o tempo que lhe tirei ao seu contínuo labor intelectual. Por mim, este incidente, ainda que desagradável, está encerrado. Resta-me apenas uma dúvida: ao ler a missiva fiquei com a sensação que fui eu que a tinha escrito. Talvez com o ímpeto da inveja, esse pretenso magistrado tivesse conseguido copiar-me o estilo. Espero que não venha a conseguir apanhar-me a alma.
Cord(i)almente
Alípio Ribeiro
NOTA DA APOSIÇÃO:
Os Cordoeiros, reunidos de emergência, deliberaram, por unanimidade, instaurar um inquérito destinado a averiguar quem é o autor da carta anónima (mais uma) ontem involuntariamente junta ao blog. Mais deliberaram apresentar (outras) imensas desculpas a AR por o tomarem pelo AR que não é. AR só há um e mais nenhum - o AR que é AR!
Pel' O Cordoeiro-Mor que não é.
ÚLTIMA HORA:
O presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, disse nesta madrugada que este episódio da carta anónima devia ser tratado "com um par de estalos" no autor da missiva.
Lusa | 31.01.04 - 1:22 am | #
# posto por Rato da Costa @ 31.1.04
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