O estado negro das coisas
O estado de excepção que nós nos habituamos a encarar como uma medida provisória e extraordinária está em vias de se tornar, para nós e neste princípio do século, um paradigma normal de “governo”, que determinará a politica dos estados modernos. Giorgio Agamben que é filósofo e professor na Universidade de Verona e que, actualmente, é professor convidado da Universidade da Califórnia, acaba de publicar um ensaio intitulado « État d’ Exception »[1], em que se propõe reconstruir a história do paradigma, bem como analisar o sentido e as razões da sua evolução actual – de Hitler à Guantanamo.[2]
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[1] Ed. Seuil,col. L’Ordre Philosophique, Paris, 2003.
[2] A este propósito convém ter em atenção o artigo publicado por Ronald Dworkin, nomeadamente na revista “Esprit”, Junho de 2002, intitulado – “George W.Bush, uma ameaça para o patriotismo americano.”
Colaboração de P. B.
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[1] Ed. Seuil,col. L’Ordre Philosophique, Paris, 2003.
[2] A este propósito convém ter em atenção o artigo publicado por Ronald Dworkin, nomeadamente na revista “Esprit”, Junho de 2002, intitulado – “George W.Bush, uma ameaça para o patriotismo americano.”
Colaboração de P. B.
Saber ouvir
Colaboração de P. B.:
Adoro a discussão, adoro a luz e os dias claros.
Obrigado por terem aberto esta possibilidade de comunicação.
Obrigado, oh cordoeiros, por esta corda.
Vamos, então, à música.
Primeiro andamento
I. Saber ouvir.
Roland Barthes, pensador que foi, marcante, da linguagem e da sua filosofia escrevia, vão decorridos, já, quarenta anos, o seguinte texto – “O caso Dominic ou a triunfo da literatura.”[1] - um texto de sociologia judiciária, irónico, no seu distanciamento da realidade retratada, amarga simbiose em que a representação judicial da realidade, é, na operosidade da produção literária, algo de tão bizarro, que a morte da família inglesa, o tema objecto do processo, se afastava do palco amargo da sua análise, sendo a questão da linguagem, o entendimento, o diálogo, entre os sujeitos judiciários, este sim o terrífico espectáculo de que estamos todos ameaçados, o de sermos julgados por um poder que não quer ouvir senão a linguagem que nos atribui. Terminava Roland Barthes o seu pequeno texto do seguinte modo, e citamos: - “...roubar a um homem a sua linguagem em nome da própria linguagem, é por aí que começam todos os assassínios legais.”
Jacobo Vanzetti.
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[1] cfr. Mitologias, Roland Barthes, ed. 70, Pág. 59.
Adoro a discussão, adoro a luz e os dias claros.
Obrigado por terem aberto esta possibilidade de comunicação.
Obrigado, oh cordoeiros, por esta corda.
Vamos, então, à música.
Primeiro andamento
I. Saber ouvir.
Roland Barthes, pensador que foi, marcante, da linguagem e da sua filosofia escrevia, vão decorridos, já, quarenta anos, o seguinte texto – “O caso Dominic ou a triunfo da literatura.”[1] - um texto de sociologia judiciária, irónico, no seu distanciamento da realidade retratada, amarga simbiose em que a representação judicial da realidade, é, na operosidade da produção literária, algo de tão bizarro, que a morte da família inglesa, o tema objecto do processo, se afastava do palco amargo da sua análise, sendo a questão da linguagem, o entendimento, o diálogo, entre os sujeitos judiciários, este sim o terrífico espectáculo de que estamos todos ameaçados, o de sermos julgados por um poder que não quer ouvir senão a linguagem que nos atribui. Terminava Roland Barthes o seu pequeno texto do seguinte modo, e citamos: - “...roubar a um homem a sua linguagem em nome da própria linguagem, é por aí que começam todos os assassínios legais.”
Jacobo Vanzetti.
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[1] cfr. Mitologias, Roland Barthes, ed. 70, Pág. 59.
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