sábado, 29 de junho de 2013

Miguel Torga, Coimbra, 29 de Junho de 1974

Coimbra, 29 de Junho de 1974 – Como as pessoas são surdas e absurdas! Como são incapazes de entender ou pressentir o sofrimento dos outros, mesmo quando eles têm a franqueza e a fraqueza de se queixar! Poderia parecer que o desespero endémico da vida fosse uma razão suficiente de reciproca compreensão e solidariedade. Mas não. Até hoje, a humanidade ainda não criou nenhuma associação de angustiados. Nem podia. Porque, no fundo, a angústia é a íntima percepção da radical incomunicabilidade. 

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