segunda-feira, 24 de junho de 2013

Queremos a vossa soberania

Há 25 anos, pouco depois de Portugal ter aderido à então CEE, eu teria aplaudido as palavras do ministro alemão das Finanças em entrevista a "Der Spiegel" no sentido da necessidade de "mais Europa". Lera alguns dos chamados "pais fundadores" e acreditava que a já mais ou menos evidente corrupção dos valores que haviam presidido, em plena Guerra Fria, à utopia dos "Estados Unidos da Europa" fossem apenas conjunturais.
Já então os membros da Comissão raramente honravam as funções que lhes atribuíam os Tratados e quase sempre agiam, menos ainda do que como representantes de interesses nacionais, como meros agentes dos partidos que, nos governos de cada país, os designavam. Com a transformação da CEE em União Europeia (e com o desmoronamento, a Leste, do "inimigo comum"), a situação piorou e, hoje, a Comissão perdeu toda e qualquer autonomia em relação ao Conselho, com as próprias cimeiras reduzidas a encontros bilaterais entre a Alemanha e a França onde tudo é decidido.
Em tal contexto, "mais Europa" e mais transferências de "competências para Bruxelas em domínios políticos importantes, sem que cada Estado nacional possa bloquear decisões" defendidas, depois Merkel, também por Schäuble, significaria a transferência do que ainda resta das soberanias nacionais para Berlim (e, subalternamente, para Paris) através do mero entreposto que Bruxelas actualmente é.
JN, 24/06/2012 – M. A. Pina

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