Salvaterra do Extremo, 14 de Outubro de 1979 – Atormentado de todas as maneiras, dei hoje comigo a sossegar a alma neste recanto da pátria, que até no nome é bonito. Cada vez amo mais o Portugal velho, já quase perdido, de ruas aconchegadas, largos domingueiros, pelourinhos severos e torres cristãs, fiel à primitiva decência. Sinto-me nele seguro, idêntico, natural e, sobretudo, fortalecido no meu afã de poeta. As coisas podem ser, como os versos, desafios ao tempo. Basta que estejam certas no espaço e na História.
Miguel Torga, DIÁRIO (XIII), 117
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