segunda-feira, 3 de outubro de 2011

DIÁRIO (XIII)

Coimbra, 3 de Outubro de 1979 – Telefonema dum prócere político. Parecia uma namorada do lado de lã da linha. Mas quanto mais ele adoçava as palavras mais eu lhes sentia o travor da insinceridade. Nesta terra (e certamente nas outras), quando um governante bate à porta de um poeta nunca é para render preito à poesia. É para tirar partido do algum prestígio que ela ainda tenha. Era precisamente o caso. E troquei as voltas ao sujeito com uma pequena ironia:
– Não, não conte comigo. A sua eloquência dispensa a minha gaguez... 

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