sábado, 29 de outubro de 2011

29 de Outubro

• Estava um lavrador no seu quintal a abater com o machado uma laranjeira que, de velha, já não dava fruto, passa por ali o prior da freguesia, que, vendo aquilo, exclama: «Ó amigo Joaquim, vossemecê não dava o pau da sua laranjeira para eu mandar fazer outro Santo António, que ele, o da nossa igreja, deu-lhe o caruncho e está a cair a pedaços?» «Conte com ele, senhor padre cura! Mas primeiro tenho eu de tirar desta as tábuas pra fazer uma manjedoura prò meu burro, que a dele está podre. O que sobejar é prò seu santo!» Assim foi. Feita a manjedoura e acabada a obra do santeiro, o lavrador vai um dia à igreja. Vendo o novo Santo António adorado por todos no seu altar, diz ele de si para consigo abanando a cabeça: «Bem te conheço meu pau de laranjeira, irmão gémeo da manjedoura do meu burro. Lá milagres farás tu, mas laranjas é que tu nunca hás-de dar!» (Tradicional, adaptado.) [JRM]

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