Coimbra, 12 de Outubro de 1979 – É um político como a maior parte deles. Um mal compensado, que tenta desesperadamente anular essa fatalidade pondo-se nos bicos dos pés aos gritos e aos abraços à multidão. O poeta também é um solitário, mas de maneira oposta. Pudicamente retraído no seu reduto, certo de que só fortificado nele e a escavar em si e no seu termo poderá comunicar com a humanidade inteira. Por isso, o encontro, apesar do esforço de ambos, tinha de ser o que foi: uma desilusão mútua, revestida de boas palavras. Não há entendimento possível entre solidões de sentido contrário.
Miguel Torga, DIÁRIO (XIII), 117
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