Ah, mãos que não moldais o desespero!
Versos que não dizeis quanto eu preciso!
Como um cego, indeciso
Entre a força da inércia
E o desejo instintivo
De movimento,
Assim é o meu instável sofrimento,
Ou todo motivado, ou sem motivo.
Quero e não quero, dou-me a cada instante,
E recuso-me logo, amedrontado.
Inconstante,
Oscilo como um vime vertical, diante
Das brisas e rajadas do meu fado.
Ardo nesta fogueira de tristeza
Que não sei quem acende a cada hora.
Sei que a minha alma chora
Como débil criança
Que tem medo da noite que a rodeia.
Noite cerrada e cheia
De pesadelos.
A sorte, a bruxa, a urdir a sua teia
Com a vida apertada nos novelos.
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