1 de Junho de 1976
• Para criar forças, não há como um prato de Boeuf Strongenough! Queria ele dizer Stroganoff. (Strong enough = obastante forte.)
• Os nossos parentes brasileiros não perdem ensejo de nos exprobar os muitos galicismos que utilizamos. Mas quando eles empregam o frequentíssimo brigar (por disputar, concorrer a, etc.), que é o puro francês briguer, ou quando exclamam o tão popular debochar (acanalhar, desmoralizar, abandalhar, achincalhar, enxovalhar), do francesíssimo débauche, então, sim, estão proferindo genuínos brasileirismos!
• Disse Marcel Proust: «Os únicos que defendem a língua francesa são aqueles que a "atacam". É inaudita esta ideia de que existe uma língua francesa independentemente (en dehors) dos escritos, e que é possível protegê-la.» Et cetera. Isto é, a língua só existe quando se faz dela um uso progressivo ou criador.
• Irritava-me a mania que tinha o H. de chamar «pionés» (vil adulteração do francês punaises) aos percevejos usados para pregar o papel à prancheta de desenho. Não queria ele talvez lembrar os parasitas que lhe povoavam as noites!
• O Estilo é (como) uma vidraça através da qual se observa, sofre ou goza a paisagem humana ou a natural: melhor, ou sem se dar por isso, se o vidro é de alta qualidade; mal, ou pior, se ele é defeituoso ou ordinário. Assim, o Estilo é algo feito para servir sem se notar: as imagens devem trespassá-lo como a luz do Sol à vidraça.
• «Deixem-me egoistamente entregue ao meu trabalho, e eu lhes prometo – além dele – eterno amor e gratidão! Nem para mim tem a Liberdade outro mérito!»
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