Coimbra, 14 de Junho de 1979 – Um dia de ócios, cheio de sol, em que a atenção e os sentidos acompanharam preguiçosamente o curso luminoso e quente das horas. Estava precisado de um abandono assim vegetativo, igual a muitos outros que desde menino guardo na memória. Infelizmente, a noite fez vir à tona das sombras a angústia que trago incubada no coração. E vou deitar-me com ela e ter com ela as insónias e os pesadelos do costume. Sou uma natureza condenada a duas vidas. Uma que gostaria de voltar a viver e outra que gostava de não ter vivido.
DIÁRIO (XIII), p. 96
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