Fotografia © Susana Vera / Reuters
por Lusa Ontem
Israel declarou hoje o escritor alemão e Nobel
da literatura Günter Grass 'persona non grata' devido a um poema que escreveu
na semana passada, no qual advertia que o Estado judaico era uma ameaça para o
mundo devido ao seu poderio nuclear.
"Os poemas de Grass
alimentam as chamas do ódio contra Israel e o povo de Israel, e são uma
tentativa de fomentar a ideia que este assumiu publicamente quando vestiu a
farda das SS (polícia nazi)", afirmou hoje o ministro do Interior, Eli
Yishai, para justificar esta decisão.
Um porta-voz do ministro
afirmou ao jornal diário Haaretz que, de acordo com as leis da imigração e de
entrada em Israel, o escritor tinha sido declarado 'persona non grata' e, por
conseguinte, não será lhe permitido o acesso ao país.
"Se Grass quer
continuar a divulgar a sua criação disforme e enganosa, sugiro-lhe que o faça
no Irão, aí encontrará ouvintes", disse o ministro, numa alusão a uma
comparação feita pelo Nobel entre os dois países.
Já na sexta-feira, o
primeiro-ministro israelita, Benjamín Netanyahu, reagiu ao poema de Grass e
assegurou que "é o Irão, e não Israel, quem representa uma ameaça para a paz
mundial".
"A vergonhosa
comparação que [Günter Grass] fez entre Israel e o Irão, um regime que nega o
holocausto e apela para a destruição de Israel, diz muito pouco sobre Israel e
muito sobre o próprio Grass", afirmou então o chefe do Governo israelita,
em comunicado.
O escritor, de 84 anos, denunciou o programa nuclear de Israel num
texto intitulado "Was gesagt werden muss" ("O que há para
dizer"), publicado simultaneamente pelo diário de referência alemão
"Süddeutsche Zeitung", pelo espanhol "El País", pelo
norte-americano "The New York Times" e pelo italiano "La
Repubblica".
O poema foi conotado de
antissemita pela comunidade judaica alemã e por Israel e foi criticado por um
vasto leque de políticos alemães.
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