Colômbia em Lanzarote
Veio na
pessoa de um dos seus mais dignos representantes: o cidadão e ex-deputado Sigifredo López Tobón,
libertado há dois meses de um cativeiro que durou quase sete anos, nas
duríssimas condições da selva colombiana e do desumano tratamento imposto pelas
FARC
aos sequestrados. Sigifredo López fazia parte de um grupo de doze deputados
capturados pela guerrilha colombiana, dos quais onze vieram a ser assassinados
recentemente. Sigifredo escapou por casualidade, tinha sido apartado por um
acto de indisciplina. Este homem tem todas as razões para odiar o mundo e os
seus verdugos, e, contudo, não levanta a voz para narrar os seus sofrimentos
pessoais (para ele o que menos importância tem), mas não pode dominar-lhe a
tremura quando descreve as horrendas acções das FARC, os assassinatos, as
torturas, como a daqueles vinte e dois militares que há doze anos se encontram
acorrentados a árvores…
A sala da Fundação César Manrique não tinha um
lugar vago, havia pessoas de pé. Durante quase duas horas vivemos numa contínua
emoção, intraduzível em palavras. Houve quem chorasse, pelo choque insuportável
das revelações monstruosas que nos estavam a ser feitas, mas também (pelo menos
foi o meu caso) pela tristeza infinita de que somos assim e de que não há
remédio nem salvação para nós. Alguém seria capaz de imaginar que os
paramilitares matavam, ou continuam a matar pessoas pelo processo de
cortar-lhes os membros com uma moto-serra?
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