quarta-feira, 25 de setembro de 2013

José Rodrigues Migueis: 25 de Setembro de 1978

Uma mulher que conheceu de perto Marcel Proust – timorato, pouco falador, desajeitado no vestir, e até, por fim, algo seboso – dizia dele: «Nunca conheceu pessoalmente os duques nem as autênticas princesas de que fala. Utilizou informações de segunda mão. Nem eles e elas o teriam recebido, pois só tinham relações com gente da sua igualha.» (Muito embora, desde Napoleão III e sob a Terceira República, tenham sido muito numerosas as alianças matrimoniais entre a velha aristocracia francesa, desdoirada, e a classe ascendente dos judeus endinheirados. Filho de mãe israelita, Proust tinha uma ardente curiosidade pelo «grande mundo» a que sonharia pertencer.) O curioso é que, dentre tantas personagens, a Albertine disparue, que me seduziu pelos meus vinte e poucos anos, era não duquesa mas chauffeur de camião! Ah, os poderes alquimizantes do génio!
Viajando pela Espanha, aos inúmeros espanhóis que lhe perguntavam como ia a política na sua pátria, este português respondia com o sotaque nacional: «Pués, la Democracia Socialista en Portugal está cada dia más sucia y menos lista!»

“Tablóides” 

Sem comentários:

Enviar um comentário