segunda-feira, 30 de setembro de 2013

EXPEDIÇÃO À SEGURANÇA SOCIAL (CAPÍTULO I)

As minhas aventuras no Estado começaram com a encomenda de um trabalho. Quando o acabei, ao trabalho, mal eu sabia que os trabalhos estavam só a começar!
Chegada a altura de pagar, perguntou-me o Estado: «Deves alguma coisa à Segurança Social?». «Não», respondi eu. E o Estado: «O que tu dizes não interessa, que fale a Segurança Social ou daqui não levas nada...»
Foi assim que me pus, fermoso e não seguro, a caminho da Segurança Social. Depois de horas de espera, primeiro para arranjar um requerimento, depois para o entregar, a Segurança Social informou-me finalmente (seria impressão minha, ou a Segurança Social soltou um risinho de gozo?) que, dentro de 10 dias, diria de sua justiça. Passaram 10 dias, passaram 15, passou um mês, passou mês e meio... Telefonei para a Segurança Social. À volta da nau rodei três vezes, três vezes rodei imundo e grosso, e soube ao fim de rodar três vezes que era melhor telefonar de manhã, «porque elas, de tarde, desligam o telefone». Desde então tenho passado as manhãs a telefonar para a Segurança Social. Os argonautas não telefonaram metade das vezes para chegarem ao Velo de Oiro! Porque se, de tarde, «elas» desligam o telefone, de manhã não atendem...
(Não perca na próxima crónica novos e emocionantes episódios...)

Manuel António Pina: JN, 30/09/2005

Sem comentários:

Enviar um comentário