A Europa! No
que deu a mais bela e prendada das eleitas de Zeus! Sem arrebatamento, sem
esperança, ocupada económica, ideológica e militarmente, submetida, resignada à
perdição! Mesmo os que lutam, lutam vencidos. É já só por brio que resistem.
Depois de uma longa e dolorosa experiência em que as ilusões e as desilusões se
sucederam, todos sabemos agora, à nossa própria custa, que não
é impunemente que se sacrifica, aos deuses espúrios da hora, quaisquer que sejam
os seus poderes de sedução ou de opressão. Um génio com brasão de três mil anos
abriu mão perdulária das razões da sua legitimidade, como se lhe bastassem o usufruto
do mito e os pergaminhos do seu cansaço. Delegou a voz activa. Consentiu em ser
apenas o eco precioso de expressões alheias, esquecido de que não é possível manter
uma identidade singular por procuração.
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