domingo, 20 de janeiro de 2013

[1968], 7 de novembro

Ontem, dia de aniversário da Gi Nemésio, lá nos reunimos todos-os-do-costume no 6.º andar da Avenida de Roma. Para só falar de literatos: o Cochofel, o Fafe e o Vitorino Nemésio… Sim, o malandro do Nemésio que, conforme verifiquei com avidez de olhos de inveja, continua a usar uma magnífica cabeleira preta.
– Não pintará o cabelo? – pergunto, insidioso.
– Não, não… – garantem-me.
– Não tem um cabelo branco.
Inclino-me, desconfiado e contrafeito. Como é possível que eu, com a mesma idade, tenha os cabelos totalmente brancos – de lua descida? E ele…
Então, para me confortar, desabafo de mim para mim, com este calorzinho tão consolador da vaidade:
– Pois sim. Mas não sou surdo… Ao passo que o Nemésio é surdo como uma porta dum palácio habitado por fantasmas. 

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