quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

24 de Janeiro de 1978

• «Drupas! Drupas! Drupas!», gritou o mestre exasperado, eriçado, de cabeça perdida, dando pulos e patadas no estrado, e agitando de tal modo os braços molinantes que os punhos postiços de celuloide lhe voaram pela sala fora. (s/d)
• Toma-se-me difícil falar do monstro interior que ora me impele ora me retém e paralisa. (s/d)
• Memória de revistas teatrais da infância: «Ó Senhor dos Navegantes,/ Isto agora é sem razão!/ Vai tudo pior que dantes/ Sem haver concentração!» Decerto a respeito de José Luciano, cacique supremo em cadeira de rodas: morador na Rua dos Navegantes. E esta: «Quem governa aqui! És tu, ó banana,/ Mas quem manda em ti/ É a tia Luciana.» Já então o espírito da criança selecionava os temas de ordem política…
• Este jornal de mais de trinta páginas ultradensas, onde dificilmente se encontra uma peça de autêntica informação, nas mãos de uma reduzida equipa de verdadeiros jornalistas, ficaria reduzido a não mais de quatro ou seis páginas de absorvente e rápida leitura!
• Ouvido também na infância: «Lá está o cuco a cantar: é sinal de vida longa!»
• – Como explica você o seu relativo isolamento?
– Em primeiro lugar só estou isolado na aparência, pois vivo em contacto constante com o nosso mundo através de todos os possíveis média; segundo, pela imposição de um trabalho escrupuloso; terceiro, porque me julgo e sinto de uma humildade extrema, conjugada com um excessivo, intolerável orgulho. 

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