sábado, 26 de janeiro de 2013

[1968], 22 de novembro

O João José (Cochofel), no Café do Sr. Cunha:
O Namora, o Rebelo, o Palla e Carmo e o David Mourão-Ferreira foram recebidos pelo Marcelo numa entrevista que teve momentos tempestuosos de discussão taco a taco. Sobretudo quando se tratou da Censura – que o Marcelo desculpou com o argumento da sua existência em todos os países do mundo. – Além disso – acrescentou – em Portugal só se censuravam e proibiam obras subversivas ou que ofendessem a moral pública. Nunca por motivos políticos.
A primeira parte da defesa rebateu-a o Namora facilmente com os exemplos óbvios dos nossos parceiros na Nato: Inglaterra, França, etc. Quanto à segunda parte lembrou dois casos: a proibição do livro de Luandino Vieira, que não era subversivo nem amoral, e a de O Barão, adaptação teatral de Sttau Monteiro da novela de Branquinho da Fonseca. “Tenhamos a coragem de dizer que esta última peça foi proibida apenas porque o antigo Presidente do Conselho não gostava do autor.” O Marcelo calou-se, não sem que dissesse primeiro, com acrimónia, que os escritores eram uns seres impossíveis que não cediam a coisa alguma.
“É essa a nossa missão”, responderam. E então, por fim, o Marcelo confidenciou-lhes que não tinha gente que o ajudasse… “Nem para substituir os governadores civis!...” 

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