segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Tablóides" - Junho de 1949

·         Ausente a família, o calor prematuro sufocante, naquela noite ele empurrou a cama-divã para junto de uma janela aberta, a fim de respirar melhor. Acordou de madrugada, seminu, a tiritar de frio, e olhou para fora: a cidade parecia flutuar, irreal, na massa gélida, virgem e ondeante da névoa leitosa que vinha do distante. Embrulhou-se num cobertor e ficou a gozar o estranho espectáculo. Até que o Sol, invisível dali, rompeu, doirando as torres dos altos edifícios, e a névoa se dissipou, abrindo caminho ao dia, quente e rumorejante como todos os dias. (d.p. 14 de Março de 1978)

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