quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os Cordoeiros: Segunda-feira, Janeiro 19 [2004]

Abertura solene do ano judicial de 2004




Discursos:
Do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio
Do Primeiro-Ministro, Dr. Durão Barroso
Do Presidente do S.T.J., Dr. Aragão Seia
Do Procurador-Geral da República, Dr. Souto Moura
Do Bastonário da O.A., Dr. J. Miguel Júdice

Homilia do Cardeal Patriarca

Aguns comentários:
De Vital Moreira
De TomarPartido
De Copista (Porta da Loja)
De Causidicus
De Mata-Mouros
Do Portugal Profundo
# posto por Rato da Costa @ 19.1.04

VAIDADES...

Um amigo meu, leigo que é das "coisas da justiça", inquiriu-me ontem a que propósito todos os anos se fazia "aquilo" da abertura do ano judicial.
Um amigo meu, que é juiz do STJ, queixava-se, sexta passada, do muito trabalho e de que, ainda por cima, tinha de ir à dita abertura...tempo perdido, ao que julgo.
Confesso que, até agora, nunca me inquiri sobre tal tema.
Comecei a inquirir-me.
A que propósito, a fazer-se isso, é agora e não na data institucional?. E sobretudo para que serve? para afirmação de princípios? para "promessas"? Para exibicionismos gratuitos?. O que vai mudar, de substancial, com tal cerimónia? Todos sabemos que NADA.
É certo que as cerimónias estão pejadas de simbolismos e estes não são inúteis, mas pergunto-me: no ano em curos e no passado já não teve a "JUSTIÇA" "cerimónias" excedentárias? Só falta a "missa" para que, em tempos, éramos convidados...

P.N.
# posto por Rato da Costa @ 19.1.04

Formação

Sr. Cordoeiro-Mor

No combóio de sexta-feira que sai de Lisboa às 19 horas com destino ao Porto, um grupo de jovens do sexo feminino não dá sossego aos restantes passageiros, não lhes permitindo que durmam, que é o melhor que se faz numa viagem de combóio, ou que, descansadamente, leiam um livro.
Falam alto e despreocupadamente.
Têm o ar espantado dos executivos em início de carreira.
Tal é o tom e a postura que ninguém tem possibilidade de se alhear daquilo que dizem.
Os outros que ali viajam olham-se cúmplices, entre a indignação e a curiosidade, mas sem ousarem mandar calar as tagarelas.
As jovens, é o que se deduz do que dizem, frequentam o Centro de Estudos Judiciários e serão, muito em breve, magistradas.
Sem rebuço falam dos professores, dizem-lhes os nomes (a Joana, o Guerra, o Lobato), tecem comentários desagradados sobre o Direito Penal 2, gesticulam contra as exigências de uma correcta ortografia nas provas escritas.
Tudo isto à mistura com expressões que se espera que não venham um dia a utilizar nos tribunais: tu vistes a pergunta que ele te fez, foi naquele dia em que tu chegastes tarde, a gente vamos de ter de responder bem.
Há uns anos, participei, no Centro de Estudos Judiciários, num debate sobre deontologia e ética profissional.
Um docente, magistrado, defendia, com aquela displicência dos ungidos, que os magistrados não precisavam de formação nessa área pois apenas deviam obediência aos códigos e que, no cumprimento destes, encontrariam a sua deontologia e a sua ética.
Pode ser que seja assim, ainda que eu não acredite que o conhecimento estrito dos códigos faça de alguém um magistrado.
Mas no que diz respeito às normas de comportamento numa viagem de combóio, estas nunca decorrerão dos códigos que se ensinam no Centro de Estudos Judiciários.
Fala-se, com insistência, na necessidade de reformular a formação inicial dos magistrados.
Talvez devido ao sono que não dormi na pretérita sexta-feira, deixo aqui a minha modesta contribuição para uma nova estrutura curricular:
- conjugação dos verbos: 10 horas;
- normas de comportamento em viagens de grupo, nelas se incluindo as de combóio, autocarro, eléctrico ou metro: 12 horas.
Seriam matérias que teriam também interesse na área da formação permanente.

Cord(i)almente

Alípio Ribeiro
***
NOTA DA APOSIÇÃO (entidade encarregada de dar publicidade aos posts):
Sobre a temática atrás lançada sobre o "pontificado" de Cunha Rodrigues, veja-se o (sempre) interessante texto ontem publicado pelo Copista na Porta da Loja.
# posto por Rato da Costa @ 19.1.04

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