Um sonho
Nunca vi a
pessoa em questão, nunca lhe falei, não tem nem teve jamais lugar no círculo
dos meus interesses, quer imediatos quer distantes, e para que tudo fique dito
em meia dúzia de palavras, considerando os anos que no passado levei ouvindo ou
lendo este nome, nem sequer sei se está vivo. Refiro-me a um editor português,
Domingos Barreira, que na noite passada veio visitar-me no meu sono. Aliás, não
cheguei a vê-lo e, se o visse, não saberia que cara lhe haveria de pôr. O que
ele fez foi enviar-me uma secretária com o recado de que gostaria de
encontrar-se comigo para conversarmos sobre coisas passadas. Que coisas
passadas fossem elas, ainda estou para sabê-lo, porque, apesar do encontro ter
ficado aprazado para o próximo fim-de-semana, não se falou de local. E, como se
isso fosse pouco, acordei, e, quando acordei, a secretária não estava ali.
Agora, que
venham os doutores da academia explicar-me este sonho sem causa aparente nem
motivo que se perceba. Salvo se se quiser aceitar uma ideia minha, antes lhe chamaria
convicção, a de que a doença que há um ano e tal esteve a ponto de levar-me deu
uma volta à minha cabeça, desarrumando as memórias e voltando a arrumá-las por
outra ordem e poderá ter sido, também ela, a responsável por este insólito
sonho. Infelizmente, ficará sem resposta a pergunta: “Porquê?” Paciência, não
se pode ter tudo e os doutores da academia têm com certeza mais que fazer que
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