Sexta-feira, Abril 16
Ausência
Hoje não estou para ninguém.
Se alguém telefonar,
nem que seja algum ministro,
(como se fosse vulgar
algum ministro ligar...)
digam só que eu não existo,
ou então fui viajar,
que ando à deriva no espaço,
que estou morta de cansaço.
Sentada no meu terraço,
hoje não estou para ninguém.
Quero ver o pôr do sol,
mais logo, ao entardecer,
quero ver Vénus nascer
e a lua desabrochar.
Quero dormir ao luar,
é noite de lua cheia.
Quero ter como lençol
este céu que me rodeia,
um céu de estrelas pejado.
Quero ver a estrela polar,
Marte, Júpiter, Dragão
Cassiopeia, Leão,
quero ver estrelas cadentes,
correndo no céu estrelado
brilhando, muito luzentes.
Quero sonhar com pulsares
com galáxias, quasares,
e à luz das constelações
embriargar-me de amor.
Quero esquecer meus pesares
e todo este amargor
que por dentro me consome
ao pensar que ainda há um ror,
são oitocentos milhões,
de gente que passa fome.
Regina Gouveia, Reflexões e Interferências, obra publicada pela Tertúlia Literária
PM-Palavra em Mutação, Colecção Paixão do Verso, 2002.
Lê-se, na contra-capa do livro:
Regina Gouveia tem 56 anos e é professora. Licenciada em Físico-Químicas e Mestre em Supervisão, tem vários artigos publicados, só ou em co-autoria, na área da Educação, particularmente no âmbito da Didáctica da Física e da Química. É autora do livro "Se eu não fosse professora de Física... Algumas reflexões sobre práticas lectivas" (Areal Editores). Nas horas livres escreve poesia, tendo alguns poemas publicados.
Os seus poemas já foram descritos como um conjunto de textos pautados pelo ritmo e pela melodia, onde a alegria de memórias passadas contrasta com os problemas da sociedade presente. Nessas memórias a sua infância passada no Nordeste Transmontano desempenha um papel muito importante. A aldeia que a viu crescer continua a ser um lugar de refúgio onde gosta de se encontrar consigo mesma.
# posto por Rato da Costa @ 16.4.04
Se alguém telefonar,
nem que seja algum ministro,
(como se fosse vulgar
algum ministro ligar...)
digam só que eu não existo,
ou então fui viajar,
que ando à deriva no espaço,
que estou morta de cansaço.
Sentada no meu terraço,
hoje não estou para ninguém.
Quero ver o pôr do sol,
mais logo, ao entardecer,
quero ver Vénus nascer
e a lua desabrochar.
Quero dormir ao luar,
é noite de lua cheia.
Quero ter como lençol
este céu que me rodeia,
um céu de estrelas pejado.
Quero ver a estrela polar,
Marte, Júpiter, Dragão
Cassiopeia, Leão,
quero ver estrelas cadentes,
correndo no céu estrelado
brilhando, muito luzentes.
Quero sonhar com pulsares
com galáxias, quasares,
e à luz das constelações
embriargar-me de amor.
Quero esquecer meus pesares
e todo este amargor
que por dentro me consome
ao pensar que ainda há um ror,
são oitocentos milhões,
de gente que passa fome.
Regina Gouveia, Reflexões e Interferências, obra publicada pela Tertúlia Literária
PM-Palavra em Mutação, Colecção Paixão do Verso, 2002.
Lê-se, na contra-capa do livro:
Regina Gouveia tem 56 anos e é professora. Licenciada em Físico-Químicas e Mestre em Supervisão, tem vários artigos publicados, só ou em co-autoria, na área da Educação, particularmente no âmbito da Didáctica da Física e da Química. É autora do livro "Se eu não fosse professora de Física... Algumas reflexões sobre práticas lectivas" (Areal Editores). Nas horas livres escreve poesia, tendo alguns poemas publicados.
Os seus poemas já foram descritos como um conjunto de textos pautados pelo ritmo e pela melodia, onde a alegria de memórias passadas contrasta com os problemas da sociedade presente. Nessas memórias a sua infância passada no Nordeste Transmontano desempenha um papel muito importante. A aldeia que a viu crescer continua a ser um lugar de refúgio onde gosta de se encontrar consigo mesma.
# posto por Rato da Costa @ 16.4.04
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