Quinta-feira, Abril 22
ABRIL COM R
Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois
Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.
Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.
Manuel Alegre
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois
Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.
Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.
Manuel Alegre
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
Futebol: Júdice contra «prender para interrogar»
Bastonário da Ordem dos Advogados considera «perfeitamente escandaloso» e «inaceitável»
O bastonário da Ordem dos Advogados (OA) considerou hoje, a propósito das recentes detenções no futebol português, «perfeitamente escandaloso» e «inaceitável» que «estejam a prender pessoas» para serem interrogadas.
«Há uma coisa completamente escandalosa, inaceitável. É que se estejam a prender pessoas para depois serem interrogadas por um juiz passado 24 ou 48 horas», disse José Miguel Júdice, defendendo que há que «acabar com esta prática» e com este «hábito» nas investigações.
Para o bastonário, que falava antes do início de uma conferência sobre regras comunitárias ligadas à advocacia, «as pessoas não devem ser detidas para serem interrogadas», como se «todos os cidadãos pelo simples facto de serem chamados à Justiça sejam criminosos e pessoas que fogem do país».
«Se estava uma operação montada para os deter, deviam ter tudo organizado com o juiz, com o procurador (do Ministério Público), com os funcionários (judiciais) para serem interrogados» imediatamente e à medida que são chamadas a depor, observou Júdice.
Segundo o bastonário dos advogados, só quando «manifestamente haja fundamentos sólidos que levem a temer com muita probabilidade que a pessoa possa fugir do país é que deve ser usado este método (de deter para interrogar)», pois «esta expedita de ir buscar pessoas, metê-las na cadeia e depois serem interrogadas quando for possível, é errada, inaceitável» e configura um «ataque ao Estado de Direito».
«A Ordem dos Advogados está radicalmente contra este tipo de práticas que infelizmente são muito divulgadas», concluiu Júdice.
Do «Portugal Diário»
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
O bastonário da Ordem dos Advogados (OA) considerou hoje, a propósito das recentes detenções no futebol português, «perfeitamente escandaloso» e «inaceitável» que «estejam a prender pessoas» para serem interrogadas.
«Há uma coisa completamente escandalosa, inaceitável. É que se estejam a prender pessoas para depois serem interrogadas por um juiz passado 24 ou 48 horas», disse José Miguel Júdice, defendendo que há que «acabar com esta prática» e com este «hábito» nas investigações.
Para o bastonário, que falava antes do início de uma conferência sobre regras comunitárias ligadas à advocacia, «as pessoas não devem ser detidas para serem interrogadas», como se «todos os cidadãos pelo simples facto de serem chamados à Justiça sejam criminosos e pessoas que fogem do país».
«Se estava uma operação montada para os deter, deviam ter tudo organizado com o juiz, com o procurador (do Ministério Público), com os funcionários (judiciais) para serem interrogados» imediatamente e à medida que são chamadas a depor, observou Júdice.
Segundo o bastonário dos advogados, só quando «manifestamente haja fundamentos sólidos que levem a temer com muita probabilidade que a pessoa possa fugir do país é que deve ser usado este método (de deter para interrogar)», pois «esta expedita de ir buscar pessoas, metê-las na cadeia e depois serem interrogadas quando for possível, é errada, inaceitável» e configura um «ataque ao Estado de Direito».
«A Ordem dos Advogados está radicalmente contra este tipo de práticas que infelizmente são muito divulgadas», concluiu Júdice.
Do «Portugal Diário»
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
A excepção e a regra
Notável o Editorial de hoje, no Público, assinado por Eduardo Dâmaso.
Será que a excepção se vai tornar regra, ou aparece já, por aí, um regulamento qualquer para debelar a ousadia?
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
Será que a excepção se vai tornar regra, ou aparece já, por aí, um regulamento qualquer para debelar a ousadia?
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
Balança
Com pesos duvidosos me sujeito
A balança até hoje recusada
É tempo de saber o que mais vale:
se julgar, assistir ou ser julgado.
Ponho no prato raso quanto sou,
Matérias, outras não, que me fizeram
O sonho fugi disso, o desespero
De prender violento ou descuidar
A sombra que me vai medindo os dias;
folho a vida tão pouca, o ruim corpo,
traição natural e relutâncias
pondo o que há de amor, a sua urgência
O gosto de passar entre as estrelas
A certeza de ser que só teria
Se viesses pesar-me, poesia.
José Saramago, Os Poemas Possíveis, 2ª edição, Editorial Caminho, Lisboa, 1982
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
A balança até hoje recusada
É tempo de saber o que mais vale:
se julgar, assistir ou ser julgado.
Ponho no prato raso quanto sou,
Matérias, outras não, que me fizeram
O sonho fugi disso, o desespero
De prender violento ou descuidar
A sombra que me vai medindo os dias;
folho a vida tão pouca, o ruim corpo,
traição natural e relutâncias
pondo o que há de amor, a sua urgência
O gosto de passar entre as estrelas
A certeza de ser que só teria
Se viesses pesar-me, poesia.
José Saramago, Os Poemas Possíveis, 2ª edição, Editorial Caminho, Lisboa, 1982
# posto por Rato da Costa @ 22.4.04
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