Meu caro Zé:
Acabo de receber o seu manuscrito.
Li-o com o alvoroço da primeira visita a um recém-nascido cuja gestação se
acompanhou de perto. Fiquei encantado. Trazia ainda marcas do parto: os traços
da sua belíssima caligrafia – letra de escritor – que tanto me faz lembrar a de
outro seu colega de ofício, íntimo de ambos.
Ao Editor terá V. transmitido o
desejo que eu lhe acrescentasse um punhado de palavras à guisa de Prefácio. Não
mo pediu directamente, porque temia talvez que eu não aceitasse a incumbência,
porque, embora tendo eu o “gosto pela escritas, estou bem consciente de até
onde deve ir o sapateiro, e Prefácio para obra sua era demais para este remendão.
É claro que não me falta
experiência na análise e censura de manuscritos científicos, menos para lhes
corrigir o estilo – que tantas vezes nem lá está – mas para pesar do rigor do
método, espiolhar os resultados, conferir as citações, apurar da lógica das
conclusões. Embora haja, talvez sem V. querer, ciência no seu livro – e da mais
fina –, qualquer correcção que neste sentido lhe sugerisse, iria irremediavelmente
estragar-lhe o paladar.
Poderia, é certo, elaborar a
chamada “epicrise”
do caso clínico, enunciando os sintomas iniciais, descrevendo o quadro
estabelecido e a sua evolução, extraindo doutras conclusões sobre o tipo de
lesão e a sua localização, rejubilando-me, com a discrição que é própria das
coisas científicas, pelo êxito do tratamento, que confesso não sei qual foi,
mas desconfio que o resultado final se ficou a dever simplesmente ao triunfo de
um cérebro optimista.
Julgo-me capaz de tal tarefa, mas
iria roubar a oportunidade a outros de se debruçarem sobre o seu “caso”, que dá
o que se chama agora um excelente “case-study”. É que está
na moda este tipo de exercício, como é também popular auscultarem-se manequins
(de borracha, entenda-se), simular situações patológicas com actores treinados
para o efeito, e outras invenções pedagógicas que permitem ao aluno aprender
sem tocar em doentes de carne e osso, tudo isto, a meu ver, por um entendimento
vesgo de como se deve ensinar o ofício hipocrático. É claro que assim é impossível
os aprendizes conhecerem o estado único de “humanidade ferida”, no fundo a
essência de qualquer moléstia.
Confesso que foi mais difícil
resistir à tentação de dissertar sobre a relação entre a doença e a criação
artística que sempre me fascinou e que Sandblom tratou com exemplar erudição no seu Creativity
and Disease. Mas tanto já foi dito
sobre a influência de pragas antigas e contemporâneas: Keats, as Brontë, Júlio Dinis, António Nobre, Thomas Mann e tantos mais
que sofreram ou sucumbiram à tuberculose, e mais as cataratas de Monet, e a sífilis de Nietzsche, etc., etc.
Mais interessante para mim é a
experiência de Chekhov, médico, doente e escritor que dizia ser a Medicina a mulher legítima,
e a literatura, a sua amante; quando de uma delas se cansava, passava a noite
com a outra. Reconhecia, no entanto, que, se apenas pudesse contar com a
imaginação para construir a sua obra literária, pouco teria para escrever.
Os seus colegas de ofício que se
debruçaram sobre a minha profissão, com possível excepção daqueles que a
cultivavam, raramente eram amáveis para nós. Recordo-lhe o veneno de Voltaire que dizia que as
três pragas da humanidade eram a guerra, os padres e os médicos, e Montaigne, Molière, Bernard Shaw não lhe
ficavam atrás. Noutro género, V. talvez conheça a gravura de Goya em que este se retrata, no leito, em grande
sofrimento, com um enorme jerico a tomar-lhe o pulso. O meu amigo não sofre desta pecha e não procurou ocultar a sua gratidão. Não
me surpreendeu, pelo que conheço de si, mas gostava de lhe contar que, um dia,
o mestre que me ensinou a filosofia da arte e muito da sua técnica, me
declarou, impaciente: “Gratitude is a killing sentiment”. Nunca o percebi...
Devo dizer-lhe que é escassa a
produção literária sobre a doença vascular cerebral. A razão é simples: é que ela seca a fonte
de onde brota o pensamento ou perturba o rio por onde ele se escoa, e assim é
difícil, se não impossível, explicar aos outros como se dissolve a memória, se
suspende a fala, se embora a sensibilidade, se contém o gesto. E, muitas vezes,
a agressão, como aquela que o assaltou, deixa cicatriz definitiva, que impede o
retorno ao mundo dos realmente vivos. É por isso que o seu testemunho é
singular, como é única a linguagem que usa para o transmitir. Eu explico-me
melhor: o conhecimento científico das alterações das funções nervosas
superiores obtém-se em regra por interrogatórios exaustivos, secos, monótonos,
e recorrendo a testes padronizados, ou seja, perguntas idiotas cientificamente
testadas e estatisticamente aferidas – dizem os autores.
Propositadamente, V. nada quis
saber sobre o substrato neurológico do que lhe ocorrera, e disso dou testemunho. Um jantar arranjado com
essa intenção, em restaurante apropriado da sua Lisboa, em que o dono me
imortalizou a seu lado em “instantâneo” já devidamente pendurado, serviu
tão-somente para eu conhecer melhor o amigo a quem escrevo e lhe prestar
esclarecimentos elementares sobre a matéria em estudo. V., que tem espírito
geométrico, e não foi matemático porque não quis, fugiu a dar ao tema qualquer
tratamento científico. Não conseguiu contudo evitar dar-lhe tratamento
literário, e o texto tem naturalmente o estilo que lhe confere uma experiente e
riquíssima linguagem literária. E, como alguém disse, o que caracteriza esta é
a técnica que a impede de se tornar numa “forma utilitária de comunicação”.
Mas, em minha opinião, a sua “história clínica” só poderia ser contada ao seu
modo, o que significa que os fenómenos que descreve são mais facilmente
apreensíveis através dos seus instrumentos narrativos do que através de um
relatório minucioso de um qualquer neuropsicólogo.
Tentei no passado, sem êxito, devo
confessar, que pacientes meus, com patologias e equipamento algo
semelhante ao seu – inteligência, sensibilidade, poder de análise, talento
discursivo, distanciamento introspectivo –, partilhassem com outros a sua história.
Uma delas, mulher de excepcional perspicácia, ia-me descrevendo a sua recuperação
motora e as estratégias que para o efeito utilizava, com tal lucidez, que eu
aposto que ela ia recriando exactamente o programa genético que põe um bebé,
primeiro de gatas, depois de pé, e finalmente a andar.
Uma outra, música brilhante, ia-me
contando como a sua relação com a música se alterara, desde a enunciação do
solfejo, ao dedilhar das notas, e como o instrumento se tornara num realejo de
impávida brutalidade, sem modulação de sentimento ou emoção.
Depois de tão longa introdução,
pensará V. que, afinal, temos Prefácio. Não, meu caro, isto foi apenas o
pretexto para o que se segue, foi o preâmbulo desta «carta a um amigo-novo».
Novo num sentido duplo: primeiro, porque renovado na saúde (e a sua história dá
força particular à ideia, que eu gostaria de tratar um dia com outra profundidade,
da Medicina como triunfo do regresso); novo, para mim, ao aceitar-me no círculo,
que eu sei acanhado, daqueles que estima. Esta é uma das benesses acessórias,
mas não menos preciosas, da profissão que escolhi.
Creio ter entendido ser sua vontade
que eu prestasse um testemunto especializado, embora naturalmente acessível ao
leitor leigo, sobre o que lhe sucedeu. Aqui vai portanto, começando pela
reconstituição dos factos.
Um sábado de manha, dois dias
depois do início da crise, e obedecendo à ordem de um amigo inquieto
(transmitida por outra amiga inquieta), entreguei-me à missão, bem portuguesa,
de me «inteirar do seu estado de saúde». É convicção arreigada na alma lusitana
que a interferência de médico graúdo apura o tratamento, apressa a cura,
empresta enfim ao paciente estatuto de maior fidalguia. Além disso, sempre é «informação
directa», como se diz das peças mais caras, nos catálogos dos leilões chiques.
Encontrei assim o escritor cuja obra eu admirava, e cuja lenda atingira para
mim dimensão mitológica, numa enfermaria de precárias condições, mas, como se
veio a provar, único local apropriado para recolher um artista do seu génio,
tombado por acidente deste tipo. Prefiro acidente ao «ataque isquémico transitório» da literatura
anglo-saxónica, com que, com alguma boa vontade, se poderia carimbar o seu
caso, pois a sua aflição durou mais de um dia. Quanto ao «ataque», lembro-me sempre de um passo de Jules Romains «A banda
atacou o hino russo, que se defendeu bem!».
Quando o visitei, levava eu as tais
calças de xadrez de palhaço «snob» conforme V. inadvertidamente teledifundiu, pormenor agora omitido,
mas registado na altura por uma memória desgovernada que gravou também,
insolitamente, a imagem da pulseira bordada da neurologista que de si
cuidava. Da brancura da paisagem que o envolvia iam nascendo fugazes fantasias cromáticas. É natural que
tal sucedesse: Mondrian que soube, melhor que ninguém, simplificar estas coisas, dizia que são
o traço e a cor e as relações entre eles que põem em jogo o registo sensual e
intelectual da totalidade da vida interior.
O grande choque, para mim, foi o
seu discurso. Não havia dúvida, o José Cardoso Pires sofria de uma afasia fluente grave, ou seja,
não era capaz de gerar as palavras e construir as frases que transmitissem as
imagens e os pensamentos que algures no seu cérebro iam irrompendo. A sua fala
era um desconsolo: atabalhoada, incongruente, polvilhada de parafasias – palavras em que os fonemas estavam parcial
ou totalmente substituídos. Sem fala, escrita e leitura, a Agência Lusa foi
peremptório: morte cerebral, diagnóstico
escandalosamente errado do ponto de vista médico, mas humanamente certeiro.
Também eu executei os tais testes,
e lhe fiz as tais perguntas idiotas da praxe, para tentar perceber até onde a
doença amordaçara a voz que tantas liberdades proclamara. Sei, agora, que uma
nave espacial o tinha entretanto transportado para outra galáxia – metáfora que eu prefiro à
sua, mais anedótica, da ilha dos três náufragos –, onde palavras como «óculos»,
«relógio», «cama» não tinham préstimo ou sentido, e onde, para designar todos
os objectos conhecidos, e os mais que havia ainda por inventar, se aplicava o neologismo
extraordinariamente eufónico que V. criara: «simoso».
Saí, desanimado e inquieto,
pensando onde raio iria encontrar relojoeiro que o consertasse. Havia, no
entanto, uma réstia de esperança. A tomografia axial
computorizada (o «TAC» ou o «taco» como o povo lhe chama) era normal.
Esperança débil, porque é sabido que no início, nestes acidentes, o tecido cerebral mantém, com um resto
de «coquetterie», a sua
imagem intacta. Para averiguar da profundidade e da reversibilidade do mal, é
preciso, pois, recorrer a técnicas de outra sofisticação que permitem fazer o
correcto levantamento dos estragos. Era claro, para todos nós, que um minúsculo
coágulo
de sangue se esgueirara a partir da sua paciente bomba
cardíaca, ou de artéria grossa, parcialmente enferrujada, e viajara até
parar e entupir, ou, então, houvera birra da canalização local. De qualquer
modo, um grupo de neurónios,
dos de melhores pergaminhos, ficara subitamente privado de oxigénio para respirar e
de açúcar para se alimentar. Quando tal sucede por um período prolongado de
tempo (e não é preciso muito), a célula nervosa
começa a sofrer, e a primeira coisa que se altera é a sua membrana, dama de permeabilidade
aristocraticamente selectiva. Entram então sódio e cálcio, e sai potássio, e produzem-se
substâncias a que os químicos chamam radicais livres,
causadores dos maiores malefícios, como qualquer de nós poderia adivinhar, pois
radicais não são para andar à solta. A pouco e pouco esgota-se a energia, a célula desfalece e morre.
Acontece, porém, que, quando esta
privação de oxigénio e nutrientes
não é total, a célula entra numa espécie de hibernação, no
universo a que os especialistas chamam de penumbra
isquémica ou, o que é ainda mais poético, transforma-se em bela adormecida.
As frentes da luta terapêutica
buscam a reconstituição da permeabilidade do vaso entupido, o prolongamento
quanto possível deste estado de hibernação
protectora, e a estabilização da membrana,
como que reforçando a polícia das fronteiras.
Se nesta área o progresso
conceptual dos últimos anos é notável, as vitórias decisivas vão surgindo mais
lentamente. É claro que em séculos não muito remotos, em situações de apoplexia, diagnóstico inevitável
em caso como o seu, se recorria logo à sangria. O pobre rei
Luís XIII sofreu num
só ano quarenta e sete, além de duzentas e doze purgas e duzentos e cinco clisteres. É
escusado dizer-lhe que morreu jovem.
É claro que lhe podia enunciar
cientificamente os possíveis mecanismos pelos quais se operou a sua «restitutio
ad integrum». Não sei, nem para o caso importa muito, quais eles foram. Eu
tenho duas outras explicações originais, uma talvez pouco científica, e a outra
digna de mais madura reflexão.
A primeira, é que V. simplesmente
teve sorte, e não há nada de mal nisso. O inimigo queixava-se de Napoleão por ele ter generais
com sorte, ao que o imperador retorquia que não gostava de generais sem sorte,
principio para mim fundamental na prática da profissão.
A segunda, é que a área que temporariamente
V. deixou à sede e à fome, e pela qual falava, lia e escrevia, tudo funções em
que é exímio,
era mais musculada que a do comum dos mortais. E isto não é treta, porque se
sabe hoje que os donos do ouvido absoluto, que lhes permite identificação imediata
de qualquer som – e Mozart
tinha-o, e de forma admirável –, têm a área auditiva do córtex cerebral
indiscutivelmente hipertrofiada.
Embora tenha prometido fugir à
exegese neurológica
do seu texto, não posso deixar passar em branco alguns pontos que obrigarão à
reflexão dos estudiosos e que justificam a minha tese de ser o seu manuscrito
contribuição importante para a matéria.
O primeiro toca o mistério que
desde sempre tem intrigado os afasiologistas
e que se refere ao estado mental dos afásicos, ou seja, o que pensa e
como pensa, aquele que não consegue de modo algum comunicar o pensamento.
Aliás, esta questão é tão inquietante como a de tentar perceber o que sentem
aqueles que se encontram no chamado «estado
vegetativo persistente», em cuja intimidade receamos penetrar, esquecendo
talvez que as flores também sofrem.
Penso que o puder de narrar toda a
intensidade do sofrimento ou o bálsamo do
esquecimento inconscientemente aplicado suavizaram a sua descrição da angústia
da perda de identidade, do seu isolamento, sem nome, sem assinatura e sem
memória. Este é um dos pontos mais intrigantes do caso, porque nos nossos
esquemas anatómico-funcionais a memória não vive na zona lesada no seu caso.
Curiosamente, V. prende sempre a memória à imaginação, afinal ingredientes
indissociáveis e indispensáveis à sua criação literária. Num mundo sem
coordenadas de tempo ou de distância, «afásico» portanto, inundado da
luz gelada, do néon de um
café de província, V. não temeu!
As lágrimas dos amigos deixam-no
perplexo. É certo que outro hemisfério, o
não-dominante, lá ia trabalhando, ocupam a vigiar a caldeira das emoções.
Lesões desse hemisfério – o direito – causam dano à capacidade de organizar uma
narrativa, contar uma história, escrever unia carta ou rir com uma anedota.
Disto V. escapou.
Também do ponto de vista semiológico, é
fascinante o uso surrealista da escova de dentes, que aliás V. interpreta,
talvez correctamente, como mais uma partida de uma memória traquina.
E que dizer da misteriosa escrita,
quase cirílica
que inventou? Por mim, passo adiante, em respeito pela beleza da sua
interpretação, ignorante também do seu sentido fenomenológico.
Toda a sua narrativa abala ainda
mais os pilares em que se erigiu a neurologia tradicional, que
hoje só se mantém de pé por razões operacionais – e operatórias. De facto, o
entendimento clássico é que uma lesão numa área determinada causa a perda de
uma função específica, «ergo» esta função tem ai sua sede. Haveria, assim,
zonas eloquentes,
de que fujo como o diabo da cruz, já que a sua invasão equivale a desastre,
outras, chamadas na nossa ignorância de não-eloquentes,
campo aberto para as minhas batalhas com o Inimigo.
É evidente que este esquema é de
confrangedora simplicidade, mas serviu, por exemplo, para que um psiquiatra patusco do século
passado fosse extirpar a sua área
para fazer calar as alucinações auditivas dos esquizofrénicos.
Sabe-se, hoje, que não existem
centros individualizados, mas redes
neuronais sincronizadas, ligando múltiplas áreas funcionais. Ao mesmo
tempo, vamos tentando perceber a arquitectura neural de funções tão complexas
como a consciência, a atenção, a vontade, a própria memória, para não falar já
de outras, parece que únicas da raça, como o juízo moral ou o génio artístico.
Um dia, V. regressa, escritor que
veio do branco, e imediatamente se põe a observar e a absorver, os dois passarões
arruinados que o destino colocou ao seu lado, e enreda-os na sua trama
criativa, instrumentos inocentes de uma terapia ocupacional que o
redime. Aí, até eu participo, feito Godot ou General do seu labirinto. E a música
de cena era canção de esperança, «Forever»,
não o «Nevermore» do corvo
agoirento. E foi retomando a leitura e a escrita, em pequenos passos, em
golinhos sorvidos com delicadeza.
Estava finalmente pronto para a partida,
recuperadas as coordenadas do espaço, do tempo e de todos os outros sentidos
que são afinal mais que cinco. E Lisboa, que já dera por sua falta, abre-lhe os
braços.
Mas a história não acaba aqui. Como
V. conta, algures entre a terra e o céu, alguém estaria então a reconstruir o
cérebro do seu personagem, quem sabe se ao som do «Quarteto das Dissonâncias»,
o K 465 de Mozart. Que
escolha inspirada esta!
Talvez não saiba o que sobre esta
obra admirável escreveu Maynard
Solomon, em biografia recente do compositor: «Aqui (no primeiro andamento,
o adagio), Mozart simula o próprio processo da
criação, mostrando-nos os elementos do caos e a sua conversão em forma (...) a
transição da escuridão para a luz, do mundo subterrâneo para a superfície (...)
e agora, no allegro, o tema emerge, elevando-se, já liberto,
transcendido o medo da aniquilação». Como vê, a harmonia é total.
A carta já vai longa de mais, e
disso me penitencio. Creia no entanto que muito mais teria para dizer,
sobretudo para lhe demonstrar que este seu «brainchild» é um testemunho
impressionante de como o génio criativo floresce no sofrimento.
Uma última palavra. Para Keats, o desafio da poesia
do futuro era «thinking into the human heant». Os cientistas deste e de próximo
século sabem que a tarefa é «thinking into lhe human brain», pois continuamos
todos sem saber porque é que o «binómio
de Newton é tão belo como a Vénus de Milo». Mas como dizia o personagem do
nosso Eça,
certas coisas não se sabem e é preferível não se saberem. Não será melhor assim?
Páscoa de 1997
Sem comentários:
Enviar um comentário