quinta-feira, 15 de novembro de 2012

15 de Novembro de 1977


• «E somos nós», diz-me um reformado ilustre, «neste belo estado da nossa economia, das finanças e do resto, que nos propúnhamos liderar o Terceiro Mundo, o dos subdesenvolvidos e subalimentados! Devemos talvez alinhar com eles, sim, mas na cauda da bicha. De mão estendida!» Com efeito, sobretudo depois do dia 10 de Junho, a nossa «vocação histórica» parece ser – mais do que nunca – a mendicidade. (Lendo o T.P. de 11 de Junho último.)
• O lume é para o assado o que o ouro é para o magistrado. (Provérbio chinês. Extraído do Chin Ping Mei.)
• «Ora», disse Mark Twain, «há lá nada mais fácil do que deixar de fumar! Eu já o fiz cinquenta e sete vezes!» Comigo foi diferente. Fumei durante mais de cinquenta anos, sem que as doenças mais graves me pudessem tirar o vício. Até que um dia pensei: «Se me vejo fechado, durante uma semana, num quarto de hospital onde for proibido fumar, fico curado!» E assim foi. Pouco depois da revolução de Abril estive hospitalizado durante oito dias. Há três anos e meses que não fumo! A regra é simples. HÁ SÓ UM CIGARRO que nos separa da cura: é esse mesmo que você agora tem na mão! Se o não acender, nunca mais fuma.
• Falarei voluntária e gostosamente dos pobres, dos humildes, dos chagados e leprosos, dos inocentes encarcerados, dos aleijados e ceguinhos, e até mesmo dos que o não são: conquanto que me garantam os trinta ou quarenta contos mensais. Com todas as garantias na doença, no desemprego e na velhice. Sem esquecer que o meu ano conta treze meses, e mais um de férias pagas! Sem isso juro nunca mais ter génio. 

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