domingo, 4 de novembro de 2012

4 de Novembro de 1977

Sendo ele menino, aquela dama, pertencente a uma grande família industrial, intelectual e republicana, dirigiu-lhe uma noite a usual e estúpida pergunta: «Que queres tu ser quando fores crescido?» E ele respondeu ao acaso: «Advogado!» A dama, desdenhosa e superior: «Das causas perdidas, não?». Ele percebeu-lhe a intenção deprimente e ficou embatucado. Pois bem: daquela ilustre e renomada família não tardou em surgir um dos mais conhecidos burlões da profissão forense!
A Sociedade (oficial) de Escritores da República da Grande Rússia, com uns cem milhões de nacionais, raros iletrados, e um vasto público leitor, tinha há anos uns 250 a 300 membros. Ao tempo, a nossa chorada Sociedade de Escritores, para uma população de nove milhões, com trinta por cento de analfabetos e uma reduzida audiência, contava cerca de 600 sócios. Diz-me Alípio, doutoral: «Prova evidente de que estamos muito mais adiantados do que a URSS!» Mas onde se esconderam tantos génios (os nossos)? Se uma andorinha não faz o Verão, quantos escritores serão precisos para fazer uma literatura?
Quem pretende agradar a toda a gente acaba por não agradar a ninguém – ou por desagradar a todos. Do mesmo modo, quem está sempre na razão acaba por perdê-la completamente.
Só quem não tem opinião própria (pessoal) pode estar de acordo com todo o mundo.
Quem com todos se dá bem, não inspira confiança a ninguém. 

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