quinta-feira, 8 de novembro de 2012

8 de Novembro de 1977

Os medíocres e os estéreis inventaram a polémica para impedir que os autênticos criadores, detendo-se a prestar-lhes atenção, e consumindo assim as suas energias e o seu tempo, possam consagrar-se a fazer obra!
Anoitece, e o terror entra com ele: a ideia das trevas, das intermináveis horas de silêncio e solidão, de vazio, e o esforço cada vez maior de ler! A atenção dispersa por mil pensamentos desconexos, o trabalho impossível – tudo o leva a pensar no suicídio de Von Kleist, de Antero, de Gravivet, de tantos mais!
Este, ao contrário, quando a noite cai, acalma e rejubila: decresce o rumor e a dispersão agitante do exterior, a luz torna-se estática, invariável: na ausência do sol acabam-se as sombras, que deixam de girar como os ponteiros de um relógio. Está só, descontraído, acodem-lhe os pensamentos, expande-se como um gás no espaço livre. E assim chega a sentir-se optimista e feliz!
Comentando o artigo de um crítico bem-intencionado, mas de curta visão, a respeito de uma obra sua, o escritor disse: «Depois de ler isto, não creio que haja um só leitor que ouse comprar o meu livro!» E um amigo: «Felizmente poucos dão ouvidos aos críticos!»
Dos apontamentos de um colegial: «A decadência de um indivíduo mede-se pelo número de décadas que ele tenha vivido.» 

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