sexta-feira, 4 de maio de 2012

DIÁRIO (XIII)

       Coimbra, 4 de Maio de 1980 – Morreu Tito, o último dos homens desmedidos do século. Foi uma chusma deles! Às vezes a História capricha e brinda certas épocas com monstros assim, que podem ser génios do bem ou do mal, ou de ambos ao mesmo tempo. O de hoje acumulava, e conseguiu simultaneamente meter medo e impor respeito, dar e tirar a liberdade, ser um tirano e um pai. A eternidade dos mortais é curta. A dos políticos, então, acaba ordinariamente no dia do enterro. Mas há alguns eleitos que escapam a essa lei do olvido. É o caso. Os povos desunidos que uniu e manteve independentes face aos imperialismos da hora, mesmo doridos dos vergões da sua mão de ferro, nunca esquecerão o herói lendário e concreto que os tutelou e dignificou. E o mundo, que necessita de arquétipos, verá também nele um dos periódicos e carismáticos mensageiros de uma esperança de salvação colectiva, sempre ao alcance da vista e sempre adiada.

Sem comentários:

Enviar um comentário